Por volta do ano de 714, a cidade de Olisipona capitulou aos conquistadores árabes, tendo o domínio islâmico aqui permanecido por mais de quatro séculos, até 1147. No século X, Madīnat Ushbūna foi elevada a sede de uma kūra (província administrativa), com um território que se estendia pelas duas margens do estuário do Tejo.
A área hoje ocupada pelo NARC integrava o arrabalde ocidental da cidade formado a partir do século X. Desta época, foram identificados abundantes vestígios estruturais e estratigráficos, permitindo concluir que o espaço era densamente ocupado. Reconheceram-se estruturas habitacionais (casas, fundações, pavimentos), estruturas de despejo (fossas detríticas, lixeiras, etc) e principalmente, importantes vestígios de produção oleira.
O conjunto cerâmico recuperado no NARC traduz uma cultura material profundamente ligada à civilização islâmica mediterrânica da época nomeadamente os produtos importados, que seriam transaccionados por comerciantes com acesso a circuitos regionais e trans-regionais.
Tigela completa, carenada e com fundo em anel (Séculos XI-XII). Trata-se de um típico ataifor, recipiente de mesa tão característico nas comunidades islâmicas. Está revestida com vidrado de cor melada e apresenta no bordo, um conjunto de quatro traços verticais pintados a manganês sob vidrado. No interior, ostenta pintura a manganês com motivo vegetalista, representando um bolbo e flor de lótus. Poderá tratar-se de um exemplar da produção local de loiça vidrada.
